quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Como Começar uma Autobiografia em 3 Partes:




A principal dica dos autores profissionais é: "Escreva sobre o que você sabe." Se veio até este artigo pois, deseja documentar suas experiências de vida e emoções, então já começou bem, certo? Ao fazer algumas pesquisas, você certamente encontrará o núcleo emocional da história que deseja contar e poderá colocar a mão na massa. Está interessado? Continue lendo!


Parte 1
Começando a pesquisa

1.1-  Comece a documentar a sua vida com frequência. 
Quem deseja escrever uma autobiografia precisa se acostumar a escrever um diário e guardar vídeos, fotografias e lembranças do passado, pois isso o ajudará muito mais tarde. Muitas vezes, nos lembramos de coisas incorretamente ou sem detalhes; para evitar isso, precisamos de evidências físicas, afinal, fotos não mentem e diários são sempre sinceros.
Se ainda não tem o hábito de registrar tudo o que acontece, comece a fazê-lo agora. O jeito mais fácil de se começar é escrever em um diário todos os dias, antes de dormir. Assim, você terá um registro preciso do que se passa no seu cotidiano e na sua cabeça.
Tire muitas fotos. Imagine que não tem uma foto sequer da sua mãe, e também não se lembra da aparência dela. O que faria? As imagens ajudam a trazer memórias à tona, além de servirem como um registro de lugares e eventos. Elas são essenciais para uma autobiografia.
Os vídeos também são registros poderosos que podem trazer muitas lembranças e esclarecer dúvidas. Ver como você envelheceu com o tempo ou assistir uma filmagem de um parente que já não está mais vivo certamente o ajudará a colocar as emoções no papel. Grave vídeos em todas as oportunidades que tiver.


1.2- Converse com amigos e familiares. 
É sempre uma boa ideia conversar com outras pessoas e coletar anotações antes de começar a escrever uma autobiografia. Por mais que sinta que conhece a sua "história", as pessoas próximas podem ter uma visão diferente das coisas. Entreviste-as individualmente e grave tudo para ter um bom material na hora de escrever. Se preferir, prepare uma folha com perguntas e respostas e entregue a todos para que respondam de modo anônimo.
Faça algumas perguntas específicas, como por exemplo:
Qual a memória mais forte que você tem de mim?
Qual o momento ou conquista mais significativo da minha vida?
Você tem alguma memória difícil ou emotiva de mim?
Eu sou um bom amigo? Sou uma boa pessoa?
Qual objeto ou local você costuma associar a mim?
O que gostaria de dizer no meu velório?


1.3- Se possível, viaje e procure parentes distantes e com os quais você não manteve contato. 
O passado é muito útil na hora de se encontrar o sentido na sua vida e de procurar uma motivação para começar a escrever. Procure parentes distantes que não vê há muito tempo e visite-os; procure os locais importantes para o seu passado, como a sua casa de infância, a primeira escola onde estudou ou o cemitério onde seu tataravô foi enterrado. Mergulhe de cabeça no passado!
Se é filho de imigrantes e for possível visitar a cidade natal de seus pais, faça-o. Organize uma viagem para o local onde eles nasceram e tente se identificar com o local de um modo novo, mesmo que já o tenha visitado.
Aproveite o momento para ter uma ideia mais geral da história da sua família. De onde vocês vieram? Quem eram seus ancestrais? Eles eram camponeses ou sempre moraram em uma cidade grande? Participaram de algum conflito ou revolução importante? Se sim, de que lado do conflito ficaram? Algum parente seu já foi preso? As respostas dessas perguntas podem render excelentes descobertas para seu livro.

1.4- Confira os registros familiares. 
Não adianta ler apenas os seus próprios diários e ter fotos de 10 ou 20 anos atrás: confira as coisas deixadas por seus ancestrais. Leia as cartas deixadas por eles, procure por diários antigos, etc. Faça cópias de tudo para arquivar e não correr o risco de danificar objetos antigos.
Se não tem acesso aos objetos de gerações muito antigas, tente pelo menos encontrar objetos deixados por seus avós, como fotos de eventos importantes e fotos da infância de seus pais. Tais imagens podem ser poderosas e emocionantes, dando um impulso na escrita.
Toda família precisa de alguém responsável para arquivar e manter os registros e documentos familiares. Se gosta de observar o passado, assuma essa responsabilidade e aprenda o que puder sobre sua família e a história de vocês.

1.5- Leia outras autobiografias. 
Antes de botar a mão na massa, é uma boa ideia conferir como outros autores encararam o desafio de escrever sobre a própria vida.
Algumas obras clássicas que merecem a leitura:
·         Minha Vida, de Charles Chaplin;
·         A Origem dos Meus Sonhos, de Barack Obama;
·         Uma Lição de Vida, de Nelson Mandela;
·         Pequenas Memórias, de José Saramago;
·         Confesso que Vivi, de Pablo Neruda.


Parte 2
Encontrando um ponto de partida


2.1- Tente encontrar uma conexão com a sua história. 
A parte mais difícil de se escrever uma autobiografia é descobrir qual é o ponto central da narrativa. Como autor, é seu papel se esforçar para não escrever uma simples série de detalhes enfadonhos, pulando anos de cada vez por falta de detalhes ou histórias interessantes. A ideia é elevar detalhes mundanos, fazendo com que pareçam mais importantes e profundos do que aparentam. Como conseguir isso? Você precisa encontrar uma conexão emocional com a história e mantê-la como ponto central da narrativa do livro. Qual a sua história? Qual a parte mais importante da sua vida, que precisa ser contada?
Visualize a sua vida inteira como uma cadeia de montanhas distante. Se quer agir como um guia turístico das montanhas, você tem duas opções: alugar um helicóptero e sobrevoar a área, mostrando pontos específicos à distância, ou levar os turistas em uma caminhada pelas montanhas, mostrando-as em detalhes e envolvendo todos na experiência. Se essas duas opções fossem dois livros diferentes, qual deles você gostaria de ler?


2.2- Encontre as mudanças pelas quais passou na vida. 
Caso esteja com dificuldade para encontrar um ponto de identificação e conexão da sua história com os possíveis leitores, pense nas mudanças que ocorreram no passado. Qual a maior diferença entre o seu eu de agora e de 20 anos atrás? De que modo você cresceu? Quais os obstáculos superou?
Como exercício, pegue algumas folhas e descreva-se em uma página há cinco anos, há 30 anos ou há poucos meses. Que roupas você estaria vestindo em tais épocas? Qual seria o seu principal objetivo na vida? O que você fazia nos finais de semana? Compare as descrições e tente identificar as principais mudanças.
Em Townie, a autobiografia do romancista americano André Dubus III, ele descreveu como foi crescer em uma cidade universitária, na qual seu pai distante trabalhava como professor e autor. Ele, por outro lado, cresceu com a mãe, usando drogas, se metendo em encrencas e sem conseguir encontrar a própria identidade. A transformação dele, de um adolescente fora de controle para um autor de sucesso (como o pai era) é o centro da narrativa do livro.


2.3- Comece com um esboço. Assim que tiver uma ideia geral do que deseja incluir na autobiografia, é uma boa ideia começar a bolar um esboço de onde quer chegar. Diferentemente da escrita de ficção, na qual é possível inventar a trama, ao escrever uma autobiografia, você já tem uma ideia de onde a história terminará e de qual é a ordem dos eventos. Ainda assim, o esboço pode ajudá-lo a analisar os principais pontos da trama e decidir quais enfatizar e quais resumir.[3]
As autobiografias cronológicas trabalham do nascimento à vida adulta, seguindo a ordem dos eventos conforme se desenrolaram, enquanto as autobiografias temáticas e anedóticas saltam pelos eventos, narrando histórias de acordo com um tema. Alguns autores preferem deixar a trama seguir o próprio rumo em vez de seguir um esboço bem definido.
A autobiografia de Johnny Cash, Cash, navega pela história dele saltando no tempo algumas vezes, como uma conversa se desenrolaria com seu avô contando histórias. Trata-se de um jeito familiar de se estruturar uma autobiografia, mas que é impossível de se planejar e esboçar.


Parte 3
Montando um rascunho da obra


3.1- Comece a escrever! 
Os autores de maior sucesso do mundo não têm segredo: é necessário sentar e botar a mão na massa, tentando escrever um pouco mais a cada dia. Trate o trabalho como uma mina de material bruto saído da terra, e tente extrair o máximo que conseguir. Não se julgue e não se preocupe com a qualidade: surpreenda-se antes de terminar o trabalho.
É muito importante focar completamente no trabalho. Por mais tentador que seja levantar da mesa para passar um café forte ou passear com seu cachorro quando o bloqueio criativo chega, resista e continue escrevendo! Seja forte!


3.2- Monte um cronograma de escrita, pois é aí que muitos projetos fracassam. 
É muito difícil sentar em uma mesa diariamente e escrever, mas o processo é mais fácil quando há um cronograma a se seguir. Defina uma produção diária para si próprio e tente segui-la à risca. 400 palavras por dia? Dez páginas por dia? Depende só de você!
Se não quiser definir uma produção em palavras ou páginas, comprometa-se a escrever por um período específico de tempo. Caso tenha uma hora livre à noite, antes de dormir, separe esse tempo para trabalhar no livro e foque-se o máximo possível.

3.3- Experimente gravar a história e transcrevê-la depois. 
Caso queira contar sua história, mas não esteja muito a fim de escrever, ou tenha dificuldade com a escrita formal, talvez seja uma boa ideia gravar-se contando a história e transcrevê-la depois. Prepare um drinque, vá para um cômodo tranquilo e use um gravador digital para registrar sua vida.
Pode ser útil pedir a ajuda de uma pessoa para isso. Sente-se com ela e trate a gravação como uma entrevista caso tenha dificuldade de falar sozinho para o microfone. Peça que a outra pessoa faça perguntas interessantes e aproveite a oportunidade para contar suas histórias!
A maioria das biografias e memórias escritas por pessoas que não são autores profissionais é "escrita assim". Elas gravam entrevistas, contando histórias, que são transcritas junto de um escritor fantasma, pessoa responsável por realmente colocar as palavras no papel. Por mais que pareça trapaça, o processo funciona!


3.4- Seja específico e direto. 
A boa escrita é repleta de detalhes específicos que esclarecem a história, não de distrações. Quanto mais a sua história for voltada para os detalhes, melhor será sua autobiografia. As cenas importantes devem ser tão longas quanto possível, para que você extraia o máximo delas. Se acabar escrevendo demais, tudo bem, revise depois!
Se a linha narrativa do livro gira em torno do seu relacionamento com seu pai, você poderia descrever a visão de mundo dele por 50 páginas, discutindo a mente pequena ou a misoginia dele, mas você provavelmente alienaria parte do seu público logo de cara. Em vez disso, foque nas coisas que o leitor conseguirá ver. Descreva a rotina dele quando chegava em casa, ou o jeito que ele falava com a sua mãe. Dê detalhes!


Dicas:
É importante que a sua autobiografia seja real. Não invente histórias só para parecer levar uma vida mais animada.
Use palavras que chamem a atenção dos leitores!
Pesquise também outras fontes sobre como produzir uma autobiografia.

Fonte:
Disponivel em: https://pt.wikihow.com/Come%C3%A7ar-uma-Autobiografia, acessado em: 07 de Nov. 2018.

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